Thursday, July 06, 2006

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Quando se é criança, esperamos; e porque somos o centro, observamos; que todos nos vêm falar, consolar. Vestimo-nos de novidade e somos o alvo da compreensão, da atenção, de um lento alento.

Depois, quando deixamos essa fase pueril, tornamo-nos periféricos e já ninguém fala connosco. É a perda da centralidade que nos aflige. Estar deprimido é o desejar ser criança outra vez. Estar doente, uma boa forma de recuperar essa beatitude plácida, esse gosto da infância da protecção dos residentes. Ser o centro, mais uma vez, por uma vez. Que alguém me olhe, que alguém me acuda. Estou aqui, que olhem, que me vejam! Alguns vestem, outros agem, aparecem, fazem barulho por isso. Outros descansam e calam, sonegam. Sobrevivem e calam.

É seguro, é capaz. De vez em quando, confortável. É o lugar dos encolhidos.







Miguel Pimentel Alves

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