Tempo
Estou de férias. Acordo tarde e chego tarde a todo o lado. Demoro-me o mais possível a sair de casa, está frio. Entretenho-me em afazeres essenciais e não essenciais, rodeando…tenho tempo para isso.
São as extravagâncias de quem está de férias, sem sono, com calma e paciência para dar e vender, porque não penso muito nela. Não sonho acordado porque penso em tudo à noite, demoro-me nos semáforos; sorrio mesmo que me sirvam fora de tempo. Os raios do meio da manhã são um excelente bálsamo e os do fim da tarde, não me consigo decidir... Tenho "horas" sem aspas, tempo, tenho tempo! E por isso já não o valorizo, deixo-o ir.Parece que “Há tempo e tem tempo”, ” ainda vou a tempo” e estou sempre a tempo porque me preparei com tempo.
O tempo não vale nada nas férias, e como pouco vale, deita-se fora.Não gosto de papéis rotos no meu bolso, portanto, mando-os para o lixo, facilmente, zás!Digamos que, como não há necessidade de obrar, ou fazer qualquer coisa como remodelar a marquise para quarto de hóspedes ou pendurar as meias por cores e feitios, nada se faz, a não ser tempo. O problema deste tempo, todo, é que é demasiado. Qualquer coisa "demasiada", faz-se sentir desnecessária, e eu, como detentor de todo o tempo, torno-me ( além de aborrecido e chatinho) também desnecessário, e talvez até, um pouco inútil. Não mando um boa piada há mais que tempo e dizer qualquer coisa, só sobre o tempo, que tenho nas mãos.
Estou de férias e nem coisas inteligentes consigo dizer. Não sai nada! Quando não estava de férias e com sono, sem tempo, com pressa correndo o tempo,pensava que quando as férias chegassem, que chegaria também o “bom” tempo. Iria dizer coisas reflectidas com tempo, pensadas a tempo, e ainda me sobraria tempo para escrever qualquer coisa de sustento. No entanto, é o que se vê, nem coisas, quanto mais boas. Pff. Nada. Pareço um spray vazio, nem os cfc se mantiveram cá dentro. Impressionante.
Ai, o que eu sonhei com este tempo! (quando estava preso no outro, sem tempo).
A boa-nova é que está a acabar ( o tempo), e se eu quiser, ainda vou a tempo de me salvar do... bem, dizer tormento seria demasiado fácil, escolho..., unguento; porque não tendo nada a ver, sempre vos deixa a pensar até a próxima frase que até é bastante importante.
Vem aí a parte do ano em que não tenho tempo, e então provavelmente, vou pensar nos bons tempos, que passei nas férias, por exemplo nestas, de Dezembro.
Nestas coisas, do tempo e o que faço com ele, coisas ocidentais de quem se preocupa com os excessos, só há uma conclusão a tirar, que é igual à dita por António, nas suas constantes Variações: Eu só estou bem, ...
...Espero que vos tenha feito passar algum tempo,(não disse bom!), a ler isto que lamento (estou a falar do texto), esperando que achem melhores coisas para ocupar o vosso tempo, que ouvir aqui os "coisos" deste, sei lá, gajo?
27 de Dezembro de 06
pff, cadência mesmo chata.pff
Wednesday, December 27, 2006
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