“ Vamos ó teatro?”
A peça que mais me cansou? A do Otelo que não se vingou!
Digo isto sem ironia, nem castigo
Porque na primeira linha podia parecer,
Que pela força da foice e machado
para lá alguém me tinha obrigado
Não, não digam dessas coisas,
Que fui para lá distinto e investido!
Fui lá, só de ouvido
E bem vestido, porque era convidado
Douradas bandejas e azulejos, cadeiras a desdém
Paredes sagradas para não ir mais além
Bela escadaria que subo e ai que alegria!
Mármores finas, e na euforia,
De nomes desditos e espaçoso recinto…
Vou apressado
E que delgado já me sinto!
Belos cortinados que destoariam em casa
Subo a preceito agora e com raça
Porque o andar é trejeito, sendo nova a carcaça
e a silhueta de Iago, se não olhar, disfarça
Novos ? - pergunta o senhor do bilhete e mandado
Até os estrados! – responde o empalhado
Gostei, decerto, das tramas expostas
Armas em punho e cruéis apostas;
Gostei, claro, e bem escaldado
de ter estado e costas com costas
onde multidão de solenes e bastos,
(onde se dizia que até um bardo)
chegavam a tempo e já nos fatos
e não era de carro ( nem de sapatos)
O tempo foi muito, e muito bem passado
Viagens aqui e ali entre águas de rebuçado
Alguém se debruçando (ou ri), ali está o empalhado
E de vez em quando, para não ficar só ou destoado
Lá olham para baixo, onde anda um paspalho
Fui ficando por ali, preso ao cinto
como bom usuário do luxuoso recinto
Preso à gaiola como vi um canário
Janota, e chique, mas não para empresário
Chique e cordeiro segurando o nosso fardo
Bonito e pesado, mas que me deixou arrasado
Lenga-lengas de quem se viu escriturário
E por isso, teve que (e) copiar o sumário
Luís Pimentel, 15 de Janeiro de 2007
Thursday, January 18, 2007
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
1 comment:
Quanto teatro se faz quando se vai ao teatro!
Com um sentido irónico arrasador, gostei bastante sim senhor!
Pedro
Post a Comment