Homens
Um homem. Perdido na rua.
Sozinho.
Vi um homem, calcando um passeio
Sem lua, nem receio
Um homem de azul,
Atravessa a rua e o passeio
Homem vestido de pele e tule
Raspa-se e passa-se
Sem conhecer de onde veio
O homem de negro, não passa
Observa, negro e sem asseio
Senta-se na beira, observa a berma,
E diz coisas, nas quais não creio
O de amarelo, coitado, passa e passeia
Pesado fardo, (pé de meia)
Desgastado, peso pesado de queijo e machado
Não pára para ver, é o medo.
de ser observado
O de vermelho raiva e anseio
Narinas em circulo em voz do vociferar
Rubras exaltações sem lugar para assentar
Vai direito, pelo corte certeiro
De ir só e altaneiro, sem nada para tratar
O homem de verde, continua
feliz de onde veio, jeitos de embuçado
Nem anda...flutua abraçado
Nem pensa, vai de empurrado
Nem quer, já lhe têm tudo tratado
Não sabe, usa e não precisa, tudo lhe sabe a rebuçado
Anda nem direito, mas de lado para lado
E de todos os homens que vemos,
Este é, se calhar, o mais abençoado
Miguel Pimentel, 23 de Maio de 2007
Tuesday, May 22, 2007
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4 comments:
que tipo de homem és tu?
qual é a tua cor?
qual é o teu passeio?
serás um arco íris em dias de sol e nevoeiro?
depois de pensar que raio de ode poética era esta ao símbolo dos jogos olímpicos. de novo a dominância do grafismo... e tintos sugestivos.
e logo o embuçado. mas quanta clarividência e tão bem a propósito. ou pretendias uma tipologia?
cordiais mesmo assim.
Também vi esse homem; vi o seu rosto...olhei-o nos olhos e... nada
Todos os dias o vejo, todos os dias perco o seu rasto na multiplicidade de rostos sem rosto...
Com um sentido estético muito aprimorado, Jay!
Regards,
Priti
Emoções que são homens e homens que são cores. É interessante essa forma de percepcionar a realidade com os sentidos, em que há uma miscelânea das emoções instantâneas (a cor) com a rua (real) e os homens que lá passam, entre o imaginário do que vê - o autor, e a realidade nua e crua. Podemos deduzir que é a imaginação que deu a cor à rua, pois sem ela os homens seriam cinzentos(?).
Poderia até parecer que os homens ficavam reduzidos a meras cores fastidiosas, também, não fosse o homem verde dar esperança aos loucos a que a vida sabe a rebuçado!
Um abração!!
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