Wednesday, November 07, 2007

A empregada de limpeza

Vai entrando de avental uma vez por semana,
e sempre de credo na boca,
Aquela que me arruma o quarto,
a penumbra,
a carpete, a cama, a estante e a roupa.

Emana levezinha tudo de fundamental
Não falo do mais irreal, mas principalmente da estopa
por lhe ingerir a faculdade que assoma como natural,
de ir cometendo alguma afronta

Vai entrando leal, pé ante pé, ante a sujidade
Limpa, limpa, forte e enjeitada
Esfrega com o afinco raro e desespero vantajoso
De não viver ali, por mais que a jornada

Finda a estada, transporta consigo
pela rua normal e habitada
não mais que uns quilos de lixo
e a satisfação
da coisa acabada

Um propósito de acto e de estilo
que soará sempre a bom negócio
Simples, e que continue a oferecer
a segurança,
da coisa executada




Miguel Pimentel

2 comments:

Aldina Sousa said...

Mais uma incursão Verdiana pelo quotidiano. que apesar de repetitivo não é alvo fácil da facanha artistica, e apesar de desenhar o banal ganha uma dimensão estética aos teus olhos.

Unknown said...

quizá porque "necesita" limpiar...sacar....olvidar.. sucesos por demás difíciles, que nos "ensucian" el Alma...el pensar...el sentir..por eso limpia, limpia, limpia, con desespero como queriendo salir de esa "suciedad" que le impide sentirse "limpia"